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Síntese da Conferência inaugural do Pré-Congresso

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1. Com base na Evangelii Gaudium (n. 126), que alude às expressões de piedade popular como “lugar teológico”, ou seja, que propiciam a reflexão teológica, é possível partir do ícone de Cristo misericordioso e elevá-lo à condição de um signo de primeira grandeza a iluminar e impulsionar o projeto missionário de Aparecida, a fim de que, acima de tudo, tenhamos o olhar fixo no Coração de Cristo, a fonte da qual saem “sangue e água”, os sacramentos pascais do Batismo e Eucaristia. Os fiéis são chamados a ser discípulos missionários em virtude do seu Batismo (DA, 10), e só da Eucaristia brotará a Civilização do Amor capaz de transformar a América Latina no Continente da Esperança, do Amor e da Misericórdia (cf. DA, 128; cf. tb. 64 e 537). Para isso podemo-nos servir desta nova pintura de Cristo misericordioso [apresentada na Conferência], que traz o rosto do Cristo sofredor – O Rosto da Misericórdia –, com o qual nossos povos particularmente se identificam, pois aí eles encontram o amor misericordioso de Deus (cf. DA, 265). Assim, podemo-nos referir a ela, pedagogicamente, como uma “imagem pascal e missionária”.
Dessa forma, tendo como referência o ícone de Cristo misericordioso, estabelece-se uma correlação vital entre o Coração de Cristo, fonte de vida e misericórdia, e o tema da V Conferência Geral em Aparecida: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos nele tenham vida – Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). Este tema foi sintetizado por Bento XVI, no Discurso Inaugural (n. 3), na seguinte fórmula: “a prioridade da fé em Jesus Cristo e da vida nele”. Explicando noutro lugar: “Este é o rico tesouro do continente Latino-americano; este é seu patrimônio mais valioso: a fé em Deus Amor” (Homilia na missa inaugural). Os discípulos missionários de Cristo misericordioso devem, pois, partir desse patrimônio da fé-esperança em Deus que é Amor e Misericórdia – valendo-se em larga medida da piedade popular – para realizar o programa e o paradigma missionários propostos em Aparecida. Além disso, há uma relação causal entre o Coração de Cristo e a Eucaristia, de acordo com a Tradição e o Magistério, que está na base da Civilização do Amor, o que indica o valor da imagem pascal e missionária da divina misericórdia na nova evangelização do nosso Continente.


2. Os discípulos missionários de Cristo misericordioso são portadores de um impulso “profético-missionário” que está na origem do tempo da misericórdia na Igreja. Isto significa que há, sem dúvida, um tempo da misericórdia inaugurado pelo Concílio Vaticano II, que só faz crescer e chega até Aparecida e à Evangelii Gaudium, daí o Ano Santo da Misericórdia iniciar-se simbolicamente nos 50 anos do término do Concílio (cf. MV, 4). No entanto, o impulso inicial está na “profecia cristã” representada pelas revelações de Santa Faustina, este sim, o desígnio divino e impulso profético-missionário originário que recordou a misericórdia como centro da fé, da vida e da missão da Igreja, e se torna capaz, por isso mesmo, de fazer com que “a misericórdia seja a Igreja em movimento” (lema que acompanha os Congressos da Misericórdia). Por isso, cabe fundamentalmente aos discípulos missionários de Cristo misericordioso, de acordo com as indicações de Aparecida, o dever de “perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho” (DA, 33 e 366), a fim de pôr a misericórdia no centro da nova evangelização: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias. Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5, 19-21).
3. A misericórdia como paradigma da Missão Continental lançada em Aparecida é outro aspecto de capital importância a ser abordado. A tradição católica dá identidade, originalidade e unidade à América Latina (cf. DA, 8), mas esse rico patrimônio está em risco por um processo concreto de erosão. Em razão disso, Aparecida exorta a “recomeçar a partir de Cristo”, pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (cf. DA n. 12), a fim de despertar os discípulos missionários protagonistas da vida nova para a América Latina. Diante dessa situação, Aparecida constata que é preciso uma grande revitalização, um acontecimento como uma nova evangelização da América Latina, concebida na forma de uma Missão Continental – eis o compromisso que emergiu na V Conferência, visando a pôr a Igreja em “estado permanente de missão”, tendo como força viva os “discípulos missionários de Cristo misericordioso” (cf. DA nn. 362 e 551), pois estes são capazes do impulso profético-missionário necessário para cumprir tal tarefa.
O que define o tempo da misericórdia na Igreja é a transversalidade da misericórdia, isto é, o tempo em que a misericórdia se torna transversal na vida e na missão da Igreja. Se a Igreja é unidade na diversidade, esta unidade, nas suas multiformes expressões, há de ser identificada pela misericórdia, pois “a arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia” (MV, 10). Nesse sentido, a Missão Continental posta em marcha em Aparecida, só pode configurar-se como tal na perspectiva da transversalidade da misericórdia, isto é, na medida em que for unificada pela misericórdia; só assim a Missão Continental enfrentará os desafios que ameaçam a unidade da tradição católica no Continente; só mediante a força viva dos discípulos missionários, promovendo o encontro com Jesus Cristo misericordioso, é que verdadeiramente estaremos em estado permanente de missão e seremos protagonistas de uma vida nova para a América Latina – e vida em abundância (Jo 10, 10).
4. A misericórdia e uma “cultura do encontro” também caracterizam o Documento de Aparecida, o qual foi elaborado tendo como um dos eixos principais a categoria encontro, isto é, “o dom do encontro com Jesus Cristo”, a ser comunicado pelos discípulos missionários (cf. n. 14). A expressão “cultura do encontro” não aparece no Documento de Aparecida, mas tem sido frequentemente utilizada pelo Papa Francisco e contém um profundo significado evangélico, eclesial e pastoral, na medida em que tem sua raiz na misericórdia, permitindo descobrir a transversalidade da misericórdia no Documento Conclusivo, que já na Introdução apresenta as seguintes premissas: “Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários” (n. 11) [...] “A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que ‘não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva’” (n. 12).
E foi o próprio Papa Francisco que em mais de uma ocasião revelou o significado desse “encontro” como um encontro com a misericórdia de Cristo; por exemplo, no Discurso ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização (14/10/13): “é inútil dispersar-se em numerosas atividades secundárias ou até supérfluas, mas é preciso concentrar-se na realidade fundamental, que é o encontro com Cristo, com a sua misericórdia, com o seu amor” (v., especialmente, Discurso ao movimento Comunhão e Libertação, em 7/3/15; Bula Misericordiae vultus, 8; é importante conferir tb. o artigo do filósofo Massimo Borghesi, de 2014: “BERGOGLIO Y GIUSSANI. Las sintonías profundas entre el futuro Papa y el futuro Beato (si Dios quiere). Del hombre “religioso” al “encuentro” cristiano”, publicado pelo website Tierras de America, de Alver Metalli).
é preciso recordar que o Cardeal Bergoglio foi o presidente da Comissão de Redação do Documento de Aparecida. Nessa posição, exerceu decisiva influência sobre os rumos que tomou Aparecida, ao ponto de o “encontro com Jesus Cristo” ter orientado toda a elaboração do Documento Conclusivo, o que mais uma vez permite descobrir a transversalidade da misericórdia em Aparecida, já na sua concepção, de acordo com os belos e iluminadores parágrafos que abrem o Capítulo VI (nn. 240-245). Tanto é assim que os traços distintivos dos discípulos missionários de Cristo misericordioso, segundo emergem do Documento de Aparecida, se revelam, expressamente, como “lugares de encontro com Jesus Cristo”. Estes são a Sagrada Escritura (nn. 247-249), a Eucaristia (nn. 250-253), o Sacramento da Reconciliação (n. 254), a oração pessoal e comunitária (n. 255), a comunidade viva na fé e no amor fraterno (n. 256), os pobres, aflitos e enfermos (obras de misericórdia) (n. 257). E ainda são dedicados oito números (258-265) à “piedade popular como lugar de encontro com Jesus Cristo”.
5. Também é necessário tecer algumas considerações a respeito de um tema emblemático: a civilização do amor e a “cultura da misericórdia” (esta segunda expressão não consta no Documento Conclusivo, mas já tem sido proposta na Igreja). O Documento de Aparecida adotou a definição de cultura lato sensu do Concílio Vaticano II: “A fé só é adequadamente professada, entendida e vivida, quando penetra profundamente no substrato cultural de um povo. Desse modo aparece toda a importância da cultura para a evangelização” (DA, 477). Aparecida insiste na unificação do nosso continente no amor e na misericórdia (cf. nn. 520-521-522-525-526-528). Essa unidade começa na fé-esperança dos povos do nosso continente (cf. DA, 536) e tende a se orientar até a misericórdia de Deus, a fim de que a América Latina e o Caribe se tornem o espaço próprio para a construção de uma verdadeira Civilização do Amor, mediante o “eixo cultural radical” consubstanciado em uma cultura da misericórdia (cf. DA, 543, in fine).
Assim, é importante notar que a esperança teologal que se encontra no substrato cultural dos nossos povos – esperança que, segundo o “sensus fidei”, se orienta para a misericórdia de Deus – já indica por si mesma a necessidade de que o eixo cultural de uma nova sociedade, como exorta o Documento de Aparecida, seja estabelecido mediante uma “cultura da misericórdia”, de modo a conferir a unidade pretendida aos povos latino-americanos.
A Civilização do Amor é a situação final, portanto devemos construí-la mediante a Cultura da Misericórdia, pois de acordo com a Comissão Teológica Internacional, no documento Fé e Inculturação (1988), no tópico inculturação da fé e salvação da cultura: “A cultura é o lugar em que o homem e o mundo são chamados a encontrar-se na Glória de Deus” (II, 30). Entre a “evangelização da cultura” e a “inculturação do Evangelho”, o Papa Francisco privilegia a segunda: “evangelização como inculturação” (cf. EG, 122).

Um foco aprofundado sobre a Misericórdia de Deus pode ser encontrado neste link: Holyart - Articulos Religiosos